O Secretário de Estado para Acção Climática e Desenvolvimento Sustentável, Nascimento da Costa Alexandre Soares, em representação a Ministra do Ambiente, Ana Paula Chantre Luna de Carvalho Pereira, está a participar da Conferência sobre Descarbonização da Indústria Pesada, organizada pelo Ministério do Ambiente em parceria com o Gabinete Alemão de Hidrogénio – H2-Diplo, numa das unidades hoteleiras hoje (02/09/25) em Luanda.
O SEACDS, Nascimento Soares, em seu discurso de abertura destacou a urgência de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e promover um desenvolvimento sustentável, com foco especial na transição energética, e na abertura oficial da conferência sublinhou que Angola vive um momento de viragem histórica, entre a dependência de combustíveis fósseis e a construção de uma economia de baixo carbono. Esta transição está ancorada no Plano de Desenvolvimento Nacional 2023–2027 e na Estratégia Nacional para as Alterações Climáticas 2022–2035.
A indústria pesada de cimento, aço, cerâmica, fertilizantes e transportes, são um dos sectores mais poluentes, mas também com maior potencial para liderar uma transformação económica sustentável. O hidrogénio verde, produzido com energias renováveis, foi destacado como solução chave para substituir os combustíveis fósseis nestes sectores.
Angola possui vantagens estratégicas, com um elevado potencial solar, importantes infra-estruturas como o Corredor do Lobito e grandes projectos hidroeléctricos, como Caculo-Cabaça. No entanto, é preciso mais do que recursos naturais: o país precisa de regulamentação, capacitação técnica, mecanismos de financiamento climático e uma visão integrada.
A parceria com a Alemanha foi destacada como essencial. A Alemanha é líder em energias limpas e pode contribuir significativamente para que Angola se torne uma referência africana na descarbonização da indústria pesada. Esta colaboração já tem gerado iniciativas conjuntas e partilha de experiências.
Foi apontado que, embora Angola tenha uma intensidade de carbono industrial superior à média africana, 63% da sua matriz energética já provém de fontes renováveis, principalmente hidroeléctricas. Este é um ponto de partida favorável para a expansão da energia solar, da biomassa e da produção de hidrogénio verde.
Além da conferência, foi anunciada uma missão de estudo à Namíbia, com representantes angolanos, para conhecer projectos de indústrias verdes como o ferro verde. A iniciativa visa fortalecer o conhecimento técnico e identificar boas práticas que possam ser adaptadas à realidade angolana.
O governo angolano está também a finalizar o Plano Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas e a Terceira Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), que reforçarão os compromissos do país no combate às alterações climáticas e na mitigação das emissões.
A conferência serviu não apenas como um espaço de reflexão, mas como um marco estratégico para posicionar Angola na economia verde global. A meta é alcançar uma transição energética justa, gradual e adaptada à realidade nacional, garantindo desenvolvimento inclusivo e sustentável.