• ÁFRICA UNE-SE PARA ACELERAR SOLUÇÕES CLIMÁTICAS E GARANTIR FINANCIAMENTO SUSTENTÁVEL.


    A Etiópia acolhe a Segunda Cimeira do Clima de África (ACS-2), promovida pela Comissão da União Africana (CUA), com o objectivo de impulsionar soluções africanas para a crise climática e desbloquear mecanismos de financiamento climático escalável, Realizada sob o lema “Aceleração de Soluções Climáticas Globais: Financiamento para o Desenvolvimento Resiliente e Verde de África”, a cimeira reúne Chefes de Estado e de Governo, organizações internacionais, sector privado, juventude, academia e representantes da sociedade civil.
    A delegação Angolana que está ser chefiada pelo Ministro das Relações Exteriores, Teta António, durante três dias, a Cimeira está estruturada em torno de três eixos principais: soluções baseadas na natureza e tecnologia (Dia 1), adaptação e resiliência (Dia 2), financiamento climático liderado por africanos (Dia 3). Os eventos pré-cimeira decorreram entre 5 e 7 de setembro.
    O Secretário de Estado para o Ambiente, Iury Valter de Sousa Santos, participa na cimeira em representação da Ministra do Ambiente, Ana Paula de Carvalho Pereira, em Adis Abeba, Etiópia de 8 a 10 de Setembro de 2025.
    África representa menos de 4% das emissões globais de gases com efeito de estufa, mas sofre desproporcionalmente os impactos das alterações climáticas, como secas prolongadas, inundações, insegurança alimentar e conflitos ambientais.
    O relatório do IPCC aponta que a produtividade agrícola na África Subsariana caiu 34% desde 1960 devido às mudanças climáticas. Além disso, a Floresta Tropical da Bacia do Congo está a degradar-se rapidamente, ameaçando um dos maiores sumidouros de carbono do planeta.
    Apesar dos desafios, países africanos estão a liderar iniciativas significativas, como a Grande Muralha Verde, a Iniciativa Legado Verde da Etiópia, e o compromisso do Quénia com 100% de energia renovável até 2030. A cimeira procura posicionar África como uma força unificada nas negociações climáticas internacionais, antecipando a COP30. O continente exige justiça climática e acesso equitativo ao financiamento, com base na responsabilidade partilhada e nas suas prioridades locais.
    Em termos de financiamento, defende-se a reforma dos modelos baseados em subsídios, o fortalecimento da capacidade institucional, a mobilização do sector privado e a promoção de parcerias regionais e globais mais eficazes e transparentes.
    Segundo a CUA, África precisa de quase 3 biliões de dólares até 2030 para implementar as suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), mas apenas 30 mil milhões foram recebidos em 2021-2022, revelando um défice alarmante de financiamento.
    A ACS-2 destaca soluções africanas baseadas na natureza, tecnologia, adaptação liderada localmente, e resiliência climática. Também aborda os nexos entre clima e saúde, paz e mobilidade, bem como a transição justa com inclusão social e criação de empregos verdes.
    Os organizadores sublinham a importância de construir sistemas de aviso prévio, investir em serviços climáticos, planear orçamentos verdes e capacitar instituições locais para uma resposta climática sustentável e eficaz.
    Um dos objectivos principais é garantir que as decisões da cimeira se traduzam em compromissos reais e investimentos concretos, e que os projectos sejam executáveis, com impacto directo nas comunidades mais vulneráveis.
    Entre os resultados esperados estão: a Declaração de Adis Abeba, o lançamento de um relatório estratégico, mobilização de investimentos multibilionários, e um roteiro para implementação dos compromissos assumidos.
    A cimeira faz um apelo aos Estados-Membros da União Africana e parceiros internacionais para que apoiem uma nova era de cooperação climática, baseada em equidade, inovação africana e sustentabilidade a longo prazo.
    Ao elevar a resiliência climática de África como uma prioridade global, a ACS-2 pretende moldar não só o futuro do continente, mas também influenciar a agenda internacional rumo a um mundo mais justo e verde.